Livros Publicados

Pedro Cesarino

Totanauá é o primeiro de seu povo a aprender a ler. Escuta do papel palavras estranhas que falam sobre um novo tempo. Tenta transmiti-las aos seus parentes, que recebem as revelações sem saber se creem ou não no velho homem. Acomodado no jardim de um hospital, M. ouve relatos de pessoas perturbadas com sonhos de parentes mortos por uma doença devastadora. Durante a noite, recebe visitas de mulheres-espírito que entram pela janela de seu apartamento. Trarão elas explicações sobre os sonhos enigmáticos? Terão os sonhos alguma relação com o estado desolador em que se encontra a metrópole e todo o território em que vive M.? Desde seu apartamento, o narrador rememora a infância e descobre documentos que se conectam ao passado por meio dos sonhos e das visões. Nessas duas novelas reunidas em A repetição, Pedro Cesarino narra com maestria o percurso de dois personagens envolvidos em dilemas sobre a verdade. Situados em mundos distintos ― a floresta, a metrópole e o litoral ―, ambos se confrontam com a herança da escravidão, da violência contra povos indígenas e da exploração econômica. Valendo-se de fatos, estudos e documentos históricos para a escrita de ficção, Pedro Cesarino desenvolve um registro narrativo e imagético heterodoxo, estabelecido a partir da interlocução com pensamentos indígenas e afrocentrados ainda pouco presentes na literatura brasileira contemporânea.

2023

Exu é o deus africano mais saudado no mundo afro-atlântico. Seu culto, entretanto, não é homogêneo. Resulta de um longo processo histórico de conflitos, trocas, diálogos, negociações, imposições e resistências entre diversos sistemas cosmológicos que entraram em contato na confluência das culturas africanas, europeias e americanas. Este livro se propõe fornecer alguns pontos de vista por meio dos quais seu culto no Brasil pode ser caracterizado, em especial no candomblé e na umbanda, as duas denominações mais conhecidas entre as religiões de origem africana, e analisar sua apropriação pelas denominações cristãs — primeiro pelo catolicismo e, mais recentemente, pelo neopentecostalismo. O livro conta ainda com a mitologia afro-atlântica de Exu, na qual são compilados 183 mitos dessa divindade, identificados em textos acadêmicos e de divulgação religiosa, além de três anexos que trazem a iconografia, filmografia e musicografia de Exu.

2022

Anai G. Vera Britos
Bianca Barbosa Chizzolini
Rafaela Coelho de Moraes Pitombo
(Org.)

O livro Verdejar ante a ruína. Escritos para cultivar novos mundos é uma publicação de divulgação científica proposta por Anai G. Vera Britos, Bianca Barbosa Chizzolini e Rafaela Coelho de Moraes Pitombo, discentes do Departamento de Antropologia. Organizada à distância durante a pandemia e sem que autoras e autores se conhecessem pessoalmente, a publicação nasceu do ímpeto de extrapolar os muros da Universidade e ecoar os debates da disciplina “Interações Vegetais: Relações entre humanos, plantas e outros não-humanos no debate antropológico contemporâneo” ministrada por Marta Amoroso, Karen Shiratori e Ana Gabriela Morim de Lima no primeiro semestre de 2020. O livro é uma resposta, igualmente, aos ataques direcionados aos povos indígenas e tradicionais, às ciências e ao livre pensar, projeto agravado durante o governo de Bolsonaro e comum a diferentes expressões da extrema direita na América Latina. Organizada em cinco eixos temáticos – Agência Vegetal, Antropização de Paisagens, Poéticas Vegetais, Ecocídio e Atualizações Coloniais –, aliam-se nesta publicação contribuições que exploram diferentes linguagens poéticas e suportes visuais nas áreas de Antropologia, Etnologia Indígena, Arqueologia, Sociologia, Biologia, Botânica, Ecologia, Artes visuais e verbais e conhecimentos dos povos indígenas e tradicionais.

2021

Perrone-Moisés, Beatriz (organização, apresentação e índices)

Esta compilação apresenta 440 documentos legais relativos aos povos indígenas na então colônia do Brasil, dos séculos XVI e XVII. Os documentos, coletados em arquivos e publicações dispersas e raras, são apresentados em ordem cronológica e indexados por tema, local e grupo indígena. A apresentação busca fornecer uma apreciação geral do contexto das determinações legais relativas aos índios no Brasil representadas por essa amostra e de suas principais linhas de força. O objetivo desta publicação é tornar disponível a todas e todos interessados um conjunto muito rico de informações, inspirando novas pesquisas e ao mesmo tempo contribuindo para evidenciar a pouco conhecida (e reconhecida) importância da contribuição dos índios (voluntária ou não) para a construção deste país.

2021

Centro de Trabalho Indigenista (Org.)

Está disponível a versão online do livro Ação Indigenista: Histórico, Conjuntura e Desafios 1979 -2019 (acesse aqui). Fruto do seminário que marcou os 40 anos do Centro de Trabalho Indigenista, a publicação retrata aspectos da história do CTI e do próprio indigenismo nessas últimas quatro décadas. No livro foram transcritas na íntegra as falas dos participantes dos debates do evento.

2021

Andréa Barbosa
Edgar Teodoro da Cunha
Rose Satiko Gitirana Hikiji
Sylvia Caiuby Novaes
(Org.)

Temas clássicos da antropologia, como espaço, memória, corpo, religiosidade, experiência e performance têm a partir da imagem uma perspectiva analítica inovadora, que permite que o pesquisador incorpore gestos, olhares, posturas e movimentos, e que  o espectador amplie sua percepção de modo ao mesmo tempo racional e sensível. Com textos de 21 pesquisadores e dois DVDs com 9 vídeos, este livro, dividido em três partes – Cinema e Antropologia; Fotografia e Etnografia; e Experiências     transdisciplinares – é resultado de um longo investimento do Grupo de Antropologia Visual da USP – GRAVI em incorporar a imagem na pesquisa antropológica.

2016

Sylvia Caiuby Novaes
(Org.)

Os ensaios que compõem esta coletânea discorrem sobre as inúmeras afinidades entre antropologia e fotografia. A organizadora selecionou artigos que apontam as possibilidades da aliança entre as duas áreas, evidenciando a razão do encantamento mútuo entre antropólogos e fotógrafos, unidos pelo desejo de conexão entre arte, conhecimento e informação. As imagens indicam a possibilidade de aprofundar a densidade da etnografia pelo uso de outras formas narrativas que não apenas o discurso científico verbal. O caráter híbrido da fotografia, entre arte e ciência, e os novos caminhos que ela abre para as relações entre visualidade e textualidade contribuem para o desenvolvimento de processos alternativos de expressão do conhecimento, como bem demonstram os escritos desta obra.

2015

Paride Bollettin
(org.)

Esse livro fala de antropologia visual, repercorrendo a trajetória do Festival de Cinema Antropologico Contro-Sguardi. Mas não se esgota nisso. Ele propõe olhares, encontros e diálogos: visões e pessoas que trazem suas próprias experiências cruzando-as e permitindo novos olhares. Isso vale ainda mais quando se pensa em um Festival que já no nome apresenta a proposta de ser um “Contra-Olhares”, um olhar sobre o olhar, ou um encontro de olhares. A primeira edição do Contro-Sguardi fora de Perugia (Itália), que esse livro homenageia, marca mais um deslocamento de olhares e, mais do que isso, suscita vários encontros de olhares e dialogos. Os olhares, encontros e diálogos aqui propostos evidenciam as potencialidades de pensarmos nas nossas próprias experiências a partir das ressonâncias com outras experiências. Os textos aqui reunidos evidenciam essa dinâmica oferecendo reflexões sobre trajetórias passadas, em andamento e vislumbradas além do horizonte, constituindo um ótimo exemplo de como ampliar o olhar a partir da abertura ao outro tão caraterística do olhar antropológico.

2014

John Dawsey
Regina Müller
Rose S. G. Hikiji
Marianna Monteiro
(org.)

Este livro é resultado do trabalho do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (Napedra), grupo que reúne antropólogos em busca de saberes associados às artes performativas e pesquisadores dar artes interessados em antropologia. Nos campos acadêmico e artístico, o conceito de performance adquire formas variadas, cambiantes e híbridas; há algo de não resolvido nesse conceito, que resiste às tentativas de definição ou delimitação. Mais do que uma disciplina ou até mesmo um campo interdisciplinas, os estudos de performance configuram, para alguns autores, uma espécie de antidisciplina. No teatro, nas artes performativas, no cinema, na antropologia, na sociologia, na psicanálise, na linguística, nas pesquisas sobre folclore e nos estudos de gênero, o conceito de performace formula-se a partir de diferentes campos do saber e da expressão artística.

2013

Carolina Caffé
Rose Satiko Gitirana Hikiji

Produzidas em coautoria com os artistas de Cidade Tiradentes, as imagens, experiências e reflexões apresentadas na obra multimídia resultam de um projeto de Antropologia Compartilhada. A etnografia é também pensada como forma de contribuição para uma participação mais efetiva dos artistas e moradores dos distritos periféricos nos processos de reflexão e participação, sobre os caminhos da arte de rua, e as transformações socioculturais na periferia de São Paulo. O DVD encartado neste livro possibilita conhecer as demais obras desse processo de produção de etnografias audiovisuais.

2013

Francirosy Campos Barbosa Ferreira
Regina Polo Muller
(Org.)

'Performance - Arte e Antropologia' apresenta diálogos nos quais estão impressos as reflexões de artistas e antropólogos que se reuniram para conversar, trocar experiências e inquietações sobre o bicho homem.

2010

Andréa Barbosa
Edgar Teodoro da Cunha
Rose Satiko Gitirana Hikiji
(Orgs.)

O livro resulta do encontro de pesquisadores brasileiros e estrangeiros interessados nas aproximações entre as ciências sociais e o universo das imagens, dos sons e das artes visuais. Com experiências de pesquisa diversas, os autores propõem e analisam estéticas, métodos e formas de construir o conhecimento. O conjunto dessas contribuições compõe as três partes dessa coletânea. 
Na primeira delas, "Imagem e conhecimento", é discutido como o trabalho com expressões da esfera do sensível, no campo das ciências sociais, provoca a introdução de novas questões epistemológicas para as disciplinas. O filme produzido no encontro etnográfico é o tema do bloco "Imagem e pesquisa", considerado em diferentes ângulos pelos autores - todos antropólogos, produtores e diretores. Já na última parte, "Imagens em análise", estão em questão narrativas audiovisuais que, por se destinarem à ampla circulação, possibilitam outra forma de acesso à realidade. Livro destinado sobretudo aos interessados em antropologia, sociologia e cinema e suas reflexões sobre as conexões entre memória e vida, estética e conhecimento.

2009

Sylvia Caiuby Novaes
Andréa Barbosa
Edgar Teodoro da Cunha
Renato Sztutman,
Rose Satiko Gitirana Hikiji
Florencia Ferrari
(Orgs.)

Os artigos desta coletânea, resultado de trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia, mostram que também nas ciências sociais a imagem é um campo fértil para análise e uma forma de apresentação de dados de pesquisa. Segundo a organizadora, para os antropólogos, a percepção propiciada pela imagem é semelhante àquela possibilitada pela etnografia. Mesmo ao descrever aquilo que é familiar, a etnografia permite ter acesso a uma outra realidade submersa na aparente familiaridade que encobre o olhar. Os artigos selecionados foram divididos em três partes. A primeira reúne artigos sobre a imagem, especialmente a linguagem do cinema, de acordo com a perspectiva das ciências sociais. Seguem-se quatro ensaios fotográficos, acrescidos de pequenos textos que procuram dialogar com as imagens, e, por fim, três artigos de pesquisadores com comentários críticos sobre a produção visual apresentada.

2004