Pós-docs

Taquaras, Tambores e Violas: relações entre música e localidade na construção de narrativas audiovisuais
Este projeto volta-se para a investigação da relação entre o musicar e a localidade na produção de um conjunto de narrativas audiovisuais específicas. Trata-se da participação na produção da série Taquaras, Tambores e Violas, a ser realizada por uma produtora de documentários que pretende documentar a construção de instrumentos musicais em diversos pontos do país. O musicar, tradução da palavra "musicking", cunhada por Christopher Small (1998), refere-se, de maneira ampliada, a qualquer forma de engajamento com a música. Assim, musica-se ao participar de uma performance musical, mas também ao ouvir música gravada ou ao falar sobre música. Local ou localidade são contextos dinâmicos, são pontos de encontros contínuos entre pessoas, ideias, práticas, tecnologias, objetos que vão convergindo no local ao longo do tempo e, ainda, "estruturas de sentimento" e um ideal de vivência e convivência em comunidade (Appadurai, 1996). As relações entre musicar e localidade são problemas centrais a serem investigados pelo Projeto Temático: "O musicar local: novas trilhas para a etnomusicologia", processo Fapesp: 2016/05318-7, ao qual esta pesquisa está vinculada. A pesquisa teve como produtos artigos científicos e um conjunto de produtos audiovisuais: o curta Toré (2022) e a série Vozes da Terra https://www.laboratoriocisco.org/vozesdaterra
Conjugalidades em disputa: poliamor, multiparentalidade e direitos sexuais

A Concertação Política do Agronegócio e os Direitos dos Povos Indígenas
Etnografia dos sistemas alimentares. Linhas de pesquisa: Poder e política, Desenvolvimento e globalização. Sistemas agroalimentares; Alimentação. A pesquisa analisa as elites regionais, nacionais e transnacionais dos sistemas alimentares e suas influências sobre as políticas climáticas, alimentares e indígenas.
Violência de gênero no ambiente acadêmico: um estudo comparativo entre Brasil e Chile.

Arqueologia com os Zo’é: primeiras aproximações
Objetiva ser uma pesquisa arqueológica em parceria com os Zo’é e com a antropologia, para oferecer uma possibilidade de abordar uma história profunda do território onde eles habitam.

Povo de Axé na pós-graduação
Pesquisa com pós-graduandos/pós-graduados afrorreligiosos, que se identificam com os povos tradicionais de matriz africana (povos de terreiro) em cursos de ciências humanas de universidades públicas brasileiras. Objetiva reconstituir suas trajetórias e analisar os impactos da formação acadêmica de pós-graduação para as instituições de ensino e para as comunidades tradicionais a partir da produção acadêmica.

Cosmopolitícas culturais beligerantes. Análise da propagação dos rituais dos Indios Pankararu (Pernambuco e São Paulo)
No Nordeste do Brasil, um recente processo de convergência ritual envolvendo grupos indígenas segue um movimento histórico de conversão religiosa. Os rituais coletivos toré e praiá, assim como rituais domésticos de oferta alimentar ou cura xamânica, são comuns a muitos grupos indígenas. A partir da década de 1950, e mais intensamente a partir da década de 1970, os índios Pankararu aceitaram a reprodução de seus rituais para grupos parentes. O objetivo do presente projeto é analisar essa política cultural de propagação de rituais. Por que os rituais Pankararu circularam? Como esse fenômeno pode ser analisado? Os rituais dos índios Pankararu podem ser definidos como guerras simbólicas. Há muitos dados que nos convidam a pensá-los assim. Minha hipótese é que a propagação desses rituais permitiu a formação de um exército invisível em escala regional, constituindo assim políticas culturais beligerantes. A pesquisa proposta articula duas dimensões: uma pesquisa bibliográfica sobre políticas culturais e o contexto de urbanização; e a realização de duas etnografias: entre os índios geripankó (vizinhos e parentes dos Pankararu praticando esses rituais desde os anos 2000) e entre os índios Pankararu que vivem na comunidade de Real Parque, em São Paulo. Meu objetivo é analisar os conhecimentos tradicionais em circulação e as subsequentes transformações socioculturais.

Por uma grafia-demente: as formas expressivas de um mundo às avessas
O projeto pretende mapear e discutir um campo de relações e formas expressivas dos modos de ver, viver e narrar os processos demenciais a partir do ponto de vista de quem os vive, pensando na relação entre (auto) biografia e etnografia, palavra e imagem, e como o diagnóstico de demência tensiona noções como narrativa, doença, memória e pessoa. Para isso, fará uso de diferentes materiais, como autobiografias, blogs, obras de arte, falas, cenas, gestos, metáforas, bordados, vídeos, fotografias, recolhidos ao longo de minha trajetória de pesquisa no tema. Além da maioria dos estudos sobre doença de Alzheimer terem como foco o cuidador – e não o ponto de vista do doente -, relatos autobiográficos e outras formas expressivas de pessoas com demência é um fenômeno novo e crescente, que merece ser melhor investigado, sendo um importante contraponto ao discurso biomédico de “dissolução do self”. Nesse sentido, a pesquisa é uma importante contribuição para o preenchimento dessa lacuna, além de pensar novas maneiras de compreender a doença como um fenômeno complexo, plural e multifacetado. Além de artigos, grupos de discussão e realização de evento, o projeto propõe testar abordagens mais experimentais como maneiras de “pensar o pensamento do outro” ao levar a sério o “mundo às avessas” da demência, com outras coordenadas e referências. Além de investigar os limites e alcances da linguagem e de incorporar pessoas com demência como interlocutoras da pesquisa antropológica, este projeto pretende contribuir para ampliar a reflexão sobre essa enfermidade na área médica.
A pandemia do Covid-19 sob perspectiva interseccional em territórios periféricos: diálogos entre Brasil e África do Sul
Scientia Brasilae. Cientistas germanófonos no Brasil (1894-1929)

Biossocialidades e ciência em torno das cirurgias de transição de gênero: para uma antropologia da saúde trans à brasileira
Este projeto busca realizar uma pesquisa histórico-antropológica comparativa, de cunho etnográfico, sobre a constituição da medicina trans no que tange às cirurgias de redesignação sexual no Brasil. Cirurgias compreendem um universo social vibrante através do qual é possível entender as concepções de sexo, gênero, corpo e trans que são produzidas no país. Metodologicamente, esta pesquisa concebe, partindo de uma pesquisa histórica em arquivos médicos na Universidade de São Paulo e uma investigação etnográfica em contextos de clínica e cirurgia na capital paulistana, o emprego de entrevistas de longa duração, de análise documental e do estudo crítico da produção acadêmico-científica médico-cirúrgica no tema. Isso possibilitará, portanto, a comparação entre as regiões paulistas e os contextos potiguar e cearense cujas pesquisas encontram-se finalizadas.

O musicar clubber: corpo e subjetividades em cenas de música eletrônica underground de São Paulo e Berlim
O objetivo deste projeto de pesquisa é investigar duas cenas de festas de música eletrônica underground, localizadas respectivamente nas cidades de São Paulo e Berlim. Tais festas reúnem pessoas para dançar e ouvir música, consumir drogas lícitas e ilícitas e socializar. São ambientes férteis para experimentos estéticos e sensoriais, e proporcionam espaço para vivência de práticas erótico-afetivas diversas, além de contarem frequentemente com performances artísticas que levantam questões sobre corpos fora do padrão, gênero, sexualidade, raça e classe. O foco recairá sobre os aspectos musicais das cenas em questão: pretendo mostrar como a música eletrônica underground se liga a determinadas formas de sociabilidades, subjetividades e usos do corpo e do tempo. Seguindo a relação entre o musicar e a produção de localidades, tema central do Projeto Temático O musicar local: novas trilhas para a etnomusicologia, ao qual esta pesquisa se associa, as relações entre as cenas e as cidades também serão tematizadas; analisarei ainda a circulação entre as duas cenas e o papel fundamental exercido pela internet na formação de translocalidades.
Uma modernidade alternativa? Arquitetura, Urbanidade e colonialismo em Lourenço Marques no período tardo-colonial.
Chão de fundamentos: Conhecimento, segredo e tradição no Candomblé

Arquivos e narrativas: a experiência balinesa na Exposição Colonial de 1931
O projeto propõe acessar os arquivos inéditos da família de Cokorda Gede Raka Sukawati, em Bali, Indonésia, com o intuito de reunir, analisar documentos e colher depoimentos remanescentes dos artistas balineses que se apresentaram neste evento. A pesquisa está sendo realizada em torno de dois eixos estruturantes. O primeiro corresponde a um trabalho de campo em Bali, nos arquivos de Cokorda G. R. Sukawati e com informantes ainda vivos. Além de membro da família real de Ubud e personalidade influente nos círculos da administração colonial holandesa, Cokorda G. R. Sukawati foi diretor e responsável artístico do grupo de performers que foram à Paris. O segundo eixo estruturante relaciona-se com os dispositivos de encenação do outro agenciados na Exposição Colonial de 1931, e para isso, arquivos franceses e holandeses serão pesquisados. No ano de 2022-2023, Juliana Coelho será recebida como pós-doutoranda convidada no Centro Maurice Halbwachs (CNRS, ENS, EHESS) e na Universidade de Leiden. Essa pesquisa é financiada pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

No caminho do tropeiro: Relações e parentesco na síndrome de Li-Fraumeni no sul e sudeste do Brasil.
A pesquisa pós-doutoral em andamento visa descrever e analisar as relações e os parentescos das portadoras e portadores da Síndrome de Li-Fraumeni- com destaque para a variante patogênica p.R337H TP53, mas não exclusivamente- membros da Associação da Síndrome de Li-Fraumeni do Brasil (LFSA). Relações, interações e genealogias estão no cerne desta pesquisa que busca conhecer múltiplas questões, tais como a de ancestrais, famílias e parentescos na Li-Fraumeni.

O fitomorfismo Jamamadi (AM): etnologia indígena e vida vegetal
Partindo dos problemas conceituais postos pela etnografia dedicada aos Jamamadi (Shiratori 2018), povo de língua arawá do médio rio Purus (AM), este projeto de pesquisa versa sobre o seu "fitomorfismo metafísico", que constitui o registro analógico fundamental da imaginação coletiva deste povo, bem como as suas consequências etnológicas e filosóficas para uma reconceitualização da relação com as plantas. A importância do universo vegetal para o pensamento jamamadi (como também de outros povos arawá) os singulariza dentro da paisagem etnográfica na qual a relação especulativa dominante dos humanos com o ambiente privilegia a fauna antes que a flora. Neste sentido, o projeto 1) pontua e problematiza a ênfase que os estudos recentes têm sobre as dimensões "animistas" ou "perspectivistas" das cosmologias amazônicas deram ao mundo animal, tanto do ponto de vista prático-etológico (caça, predação) como simbólico-cosmológico (mitologia, ritual) em detrimento de outras formas de vida, notadamente as plantas (restritas aos domínios da consanguinidade e convivialidade). 2) E, através da sistematização da bibliografia especializada, o projeto busca ampliar o seu escopo para além da contribuição restrita ao interflúvio Juruá-Purus em vista de abordar os efeitos teórico-conceituais produzidos com o reposicionamento das plantas sobre as socialidades indígenas de outras regiões etnográficas sul-americanas. Em suma, pelo fato da antropologia jamamadi investir fortemente em esquematismos fitomórficos, fundamentando uma cosmologia onde a vida das plantas e a vida dos humanos se espelham e se entrelaçam em múltiplas dimensões, tal singularidade etnográfica convida a uma reavaliação das imagens produzidas pela etnologia recente a respeito do universo conceitual, estético e ético dos povos amazônicos, em consonância com um interesse renovado de diferentes áreas do saber pelo universo vegetal, em especial, a filosofia.

Contatos e proximidades: as influências artísticas e o contexto sociocultural da produção fotográfica de Claudia Andujar e Maureen Bisilliat
É pós-doutoranda em Antropologia Visual, sob a supervisão de Sylvia Caiuby Novaes. Pesquisa as influências artísticas e o contexto sociocultural da produção fotográfica de Claudia Andujar e Maureen Bisilliat, com bolsa da Fapesp. É pesquisadora do Grupo de Antropologia Visual (GRAVI – USP)

Quais corpos para quais técnicas: da 'himenolatria" aos especialistas em sexologia forense,
A pesquisa tem por intuito colocar sob análise manuais de medicina legal e publicações acadêmicas sobre sexologia forense publicados entre os anos de 1900 e 1940. Em especial, o trabalho analisa a inusitada centralidade que uma fina e desimportante membrana – o hímen – ganhou nestes textos especializados. Tendo em vista os nomes de relevância para a constituição de tal campo de saber, como Afrânio Peixoto e Oscar Freire, bem como os diletos discípulos formados por eles, busco tanto questionar quem está autorizado a olhar e dar visibilidade aos órgãos sexuais femininos como objeto de estudos quanto estar atenta a quais corpos e sujeitos foram tomados simultaneamente como plataforma de pesquisa e espetáculo na consecução dessas práticas de conhecimento.

Plataformas Digitais nos Mercados Erótico-Sexuais Brasileiros: Reestruturação e Reorganização do Comércio de Sexo e Erotismo Online.
A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Ela trata do avanço das plataformas eróticas no Brasil, questionando seus impactos na configuração dos mercados eróticos digitais e nas condições laborais de trabalhadores eróticos. A discussão gira em torno de dois eixos: (1) economia de plataformas, datificação e gestão algorítmica do trabalho e (2) produção de diferença e estratificação da força de trabalho erótica. As áreas de interesse do estudo incluem economia de plataforma e condições de trabalho, tecnologias digitais e desigualdades, plataformas digitais e governança

Modos de conhecer e formas de escrever: geopolítica dos corpos e trabalho antropológico em Cachoeira-BA
A pesquisa em parceria com o imuê - Instituto Mulheres e Economia e a andarilhas edições propõe transformar em autoras mulheres marcadas pela contação de histórias na região do Recôncavo da Bahia. Suas narrativas sobre o cotidiano e seus personagens, sobre prédios coloniais e patrimônio cultural, sobre a cena cultural e artística da região, sobre maternidade, e sobre práticas espirituais e religiosidade afro-brasileira marcam uma reinvenção da memória das cidades de Cachoeira, São Félix, Muritiba e Conceição da Feira. Trata-se de uma experimentação em escrita que pretende valorizar diferentes modos de conhecimento, baseados numa perspectiva feminista e coletiva sobre os lugares e seus segredos, rumores, perigos e caminhos. A intenção, desta maneira, é potencializar agenciamentos criativos na escrita etnográfica.

A Família, entre o Gênero e a política: circulação de discursos e produção de políticas públicas de direitos humanos no Brasil contemporâneo
Nesta pesquisa, a criação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no início do mandato de Jair Bolsonaro, é tomada como uma pista para investigar mais a fundo uma ruptura que impactou diretamente as políticas públicas de Direito Humanos. A pesquisa procura analisar: (i) a centralidade de uma ideia de família para as políticas públicas DH no Brasil durante o governo Bolsonaro; (ii) que noções de família são defendidas por diferentes agentes do campo político; (iii) de que modos tais noções se convertem em posições normativas sobre a família no debate e nas políticas públicas; (iv) como esses sentidos atravessam os diferentes agentes (incluindo setores de oposição à abordagem do MMFDH); (v) que relações entre Estado e Família são consideradas legítimas nesses contextos.A pesquisa se concentrou sobre documentos públicos, plataformas digitais de mídia (como Youtube) e redes sociais do MMFDH e de sua ex-ministra Damares Alves.

Como surge um intérprete do Brasil. Um estudo sobre os diários pessoais de Raymundo Faoro (1943-1952)
A pesquisa tem como objetivo o estudo dos diários escritos por Raymundo Faoro (1925-2003) entre os anos de 1943 e 1952, período em que habitava a cidade de Porto Alegre enquanto estudante de Direito. Adoto a perspectiva etnográfica sobre esse corpo documental de teor totalmente inédito, concebendo-o como fonte do conhecimento histórico e objeto de questões antropológicas, investigando o seu conteúdo, abordando a escrita enquanto práticas repletas de marcas, experiências e significados. Mais do que trazer aspectos inéditos sobre a formação desse "intérprete do Brasil", a pesquisa busca caracterizar e discutir os contextos da época, em especial, em torno da questão geral: "como se forma um intelectual no Brasil no século XX?"

Territórios Existenciais, Territórios Visuais: uma Etnografia através de Imagens
Ao trabalhar com os artistas inga Uaira Uaua, Carlos Jacanamijoy, Kindi Llajtu, Rosa Tisoy, Tirsa Chindoy e Nestor Jacanamijoy, do Vale de Sibundoy, no sul da Colômbia, aprendi que tudo o que faz parte da existência possui um caminhar. Por meio de um caminhar, a criatividade flui e dá muitas coisas, como plantas e quadros. Também aprendi a vislumbrar as obras de meus interlocutores como parte de territórios existenciais, percorridos através de pegadas (cor/textura), desenhos (percursos) e linhas (caminhos). Através de uma cartografia de fotos e desenhos, este projeto visa seguir conexões entre imagens e territórios existenciais (com) que elas compõem. Espero que tal exercício possa servir como forma de “mostrar a etnografia” (Caiuby Novaes, 2014) ou, ainda, pensar o tipo de território existencial que habilita a observação antropológica e o que se torna visível ali.

Espaço e Revolução na cidade de Santo Domingo: Cronotopos da Guerra de 1965
Pesquisa as dinâmicas de conformação do espaço urbano na maior e mais antiga cidade do caribe, Santo Domingo na República Dominicana, a partir da revolução de 1965. Objetiva explicitar os efeitos da revolução na cidade a partir de narrativas de ex-combatentes revolucionários que sofreram a perseguição dos doze anos de autoritarismo que seguiram o breve período revolucionário. Supervisor: Prof. João Felipe Gonçalves

"Eu faço o meu tempo”: etnografia do fazer musical íntimo
A pesquisa propõe o estudo do musicar do compositor e cozinheiro Julio Valverde a partir de duas dimensões: individual, referente ao seu processo de composição, projeto estético e suas experiências e expectativas como artista; e local, relativa ao ambiente no qual suas obras são criadas e apresentadas a um grupo restrito de pessoas. Através do uso dos formatos escrito e audiovisual, a pesquisa discute ainda questões como a construção de si no fazer (auto)biográfico; a afirmação identitária em contextos de migração; e a agência individual na constituição da localidade.