
Eduardo Coutinho: Etnógrafo
Esta pesquisa toma o cinema de Eduardo Coutinho como expediente paradigmático para o estudo de tendências mais gerais que se observa no documentário brasileiro pós-1960. Para tanto, explora a aproximação entre o cinema documentário e a prática etnográfica: um método modelar de abordagem da realidade social. A análise desta aproximação sustenta-se, inicialmente, na exploração de três modelos explicativos: o artista como etnógrafo em Hal Foster (1996); os elementos estético-formais na constituição histórica da antropologia em James Clifford (1986) e a análise do cinema documentário no Brasil nos enredamentos do golpe de 1964 em Jean-Claude Bernardet (1985). Retornar a Eduardo Coutinho significa revisitar um olhar original e disruptivo para aspectos cardeais da formação e constituição da sociedade brasileira, como também uma contribuição para a reflexão alargada sobre o filme documentário.