NUMAS CONVIDA: Da luta por direitos aos agenciamentos cotidianos: Sujeitos LGBTQIA+ na África do Sul e no Brasil

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O Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS/USP) apresenta:

Da luta por direitos aos agenciamentos cotidianos: sujeitos LGBTQIA+ na África do Sul e no Brasil

Silvia Aguião (AFRO/CEBRAP e CLAM/UERJ)

Susan Holland-Muter (University of the Western Cape)

Debate: Suely Messeder (UNEB)

Mediação: Alessandra Tavares (PPGAS/USP)

Tradução: Phillip Leite and Thais Tiriba (PPGAS/USP)​​​​​​​​​​​​​​

Sexta-feira, dia 08 de outubro de 2021

10:00 (Brasília)

15:00 (África do Sul) 

Link para inscrição: https://us06web.zoom.us/meeting/register/tZckf-ivrjoqEt1ifySDWku-L6-Dr0kRV4Ru

ORGANIZAÇÃO: Thais Tiriba (PPGAS/USP) e Laura Moutinho (PPGAS/USP)

PRODUÇÃO: Carolina Parreiras (NUMAS/USP) e Milena Mateuzi (PPGAS/USP)

APOIO: Comitê Estudos Africanos – Associação Brasileira de Antropologia (CEA-ABA) 

Construindo espaços de pertencimento: lésbicas queer na Cidade do Cabo

Susan Holland-Muter

 Resumo: Duas narrativas dominantes e contrastantes caracterizam o discurso público sobre as sexualidades queer em Cape Town. Por um lado, a cidade é apontada como a capital gay da África do Sul, um lugar que promete oportunidades, bem-estar e pertencimento. Por outro lado, Cape Town também é conhecida por ser uma cidade de fortes contrastes racializados, com a experiência queer materializada em locais de (in)segurança racializada, zonas de prazer e perigo em uma lente bifurcada de zonas ricas/township, segurança e perigo. Esta apresentação explorará narrativas das vidas cotidianas de mulheres queer e lésbicas em Cape Town. Entrevistas com lésbicas do meu estudo de doutorado serão exploradas por meio de suas contra-narrativas, que revelam como elas ativamente "tornam" Cape Town um lar a partir de dentro e em relação às heteronormatividades racializadas e de classe. O navegar pelo espaço de todo dia/noite em Cape Town revela o modo lésbico específico e centrado de ocupar e habitar a cidade. Seus mundos de vida queer se sobrepõem, complementam e contradizem os 'Pink Maps' oficiais da cidade e retrabalham o significado da representação de Cape Town como a capital gay da África do Sul. Estes acinzentam o binário racializado de segurança e perigo territorial e produzem modos de construções lésbicas de lar, notadamente os modos de lesbianismo incorporado; homonormatividade e fronteiras. Essas contra-narrativas revelam mundos de vida queer lésbicas que são efêmeros, contingentes e fraturados, tornando conhecidas narrativas híbridas, contrastantes e alternativas da cidade.

Susan Holland-Muter é doutora em Humanidades pelo Departamento de Sociologia da University of Cape Town na África do Sul. Ela vem participando ativamente de movimentos sociais de mulheres e pessoas LGBTI na África do Sul e na Colômbia, e trabalhando como pesquisadora, professora e defensora de políticas públicas nas áreas de políticas de gênero e sexualidade. Suas publicações incluem um foco na maternidade lésbica, famílias e parentesco queer, bem como na política das espacialidades lésbicas na vida cotidiana. Ela é autora de Outside of the Safety Zone: An agenda for research on violence against lesbian and gender non-conforming women in South Africa. Atualmente leciona no Departamento de Sociologia da University of the Western Cape.

 Notas sobre uma trajetória de pesquisas em sexualidade, gênero, raça e políticas de governo no Brasil

Silvia Aguião

Resumo: A apresentação expõe alguns elementos etnográficos de pesquisas realizadas entre 2003 e 2016, a respeito da constituição do campo dos direitos “LGBT” e da “promoção da igualdade de gênero e raça” no plano governamental brasileiro. O objetivo é refletir sobre a relação entre as questões de pesquisa, o contexto sociopolítico do período e as perspectivas teórico-metodológicas adotadas nas investigações.

 Silvia Aguião possui doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, mestrado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social/ UERJ e graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Realizou estágios pós-doutorais no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão (PPGPI/UFMA). Atualmente é pesquisadora associada do AFRO - Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (AFRO/CEBRAP) e do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/UERJ). Atua e realiza pesquisas nas áreas de sexualidade, gênero e raça em suas interfaces com sociabilidade, políticas e direitos, movimentos sociais e processos de Estado. É editora de Sexualidad, Salud y Sociedad - Revista Latinoamericana e autora do livro Fazer-se no Estado. Uma etnografia sobre o processo de constituição dos 'LGBT' como sujeitos de direitos no Brasil contemporâneo (Eduerj, 2018). 

Suely Messeder - debatedora

Suely Messeder possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais pela UFBA e doutorado em Antropologia pela Universidade Santiago de Compostela, validado no Brasil pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia - UFBA. É professora titular da Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Foi coordenadora do Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento e professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural do Campus II - Alagoinhas. É coordenadora do Grupo de Pesquisa Enlace e foi primeira secretaria da ABEH (Associação Brasileira de Estudos de Homocultura) no decorrer da gestão de 2010-2012. Foi gestora do termo de Cooperação Técnica entre o Ministério Público e a Universidade do Estado da Bahia. Atualmente é Membro da Câmara Básica de Assessoramento e Avaliação Técnica da FAPESB. Seus interesses em ensino, pesquisa e extensão estão nas áreas de sexualidades, masculinidades, relações de gênero, corpo, relações étnico-raciais, gestão e difusão do conhecimento, empreendedorismo social, tecnologia social e baianidade.