SEXTA DO MÊS / Pensando com o vírus

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transmissão ao vivo no canal da Sexta no YouTube

com Denise Pimenta (PPGAS/USP) e João Felipe Gonçalves (USP)
mediação: Renato Sztutman (USP)
[transmissão ao vivo no canal da Sexta no YouTube]
https://www.youtube.com/channel/UC_7nMNIs862VNf2AgrJPPrg

Em um de seus textos recentes sobre a pandemia do Covid-19, o filósofo Paul B. Preciado nos exorta, em suas palavras, a “aprender do vírus”, sublinhando como o mesmo revela e reforça “formas dominantes de manejo biopolítico e necropolítico” da população. Outro filósofo, Ailton Krenak, nos convoca a adiar o fim do mundo, admitindo a natureza como uma “imensa multidão de formas", sobre a qual a humanidade, ao se colocar como “medida das coisas”, subestima e atropela; "milhares de pessoas que insistem em ficar fora dessa dança civilizada, da técnica, do controle do planeta (...) são tirados de cena, por epidemias, pobreza, fome, violência dirigida" (2019). Partindo dessas provocações, na primeira Sexta do Mês de 2020 queremos pensar juntos a partir da figura do vírus, tentando aprofundar discussões sobre os impactos sociais dessa pandemia específica e de outras epidemias, além de refletir sobre o lugar da noção de vírus no pensamento social contemporâneo. Nesse encontro virtual entre diferentes perspectivas antropológicas, pretendemos cruzar reflexões sobre algumas das formulações e conceitos-chave de nossa disciplina, tais como: socialidade, relação, marcadores sociais da diferença, corpo, substância, saúde/doença, visível/invisível, humanos/não-humanos, poder, política, Estado. Assim, buscamos pensar: que efeitos epidemias ou o espalhamento de doenças podem ter em diferentes contextos sociais? Como a figura do vírus, visto como um sintoma do “modo de governança do liberalismo tardio” (Povinelli, 2016), agencia passado e futuro? Como ele se relaciona ao poder estatal e como projeta novas gramáticas de produção de corpos? Que lugar essas doenças ocupam no pensamento dos povos ameríndios, que superam há séculos devastadores cenários de contato e de contágio por doenças não indígenas?