FLA0395 - Antropologia da guerra

Interessa nesta disciplina seguir, em parte, a pista aberta por Mauro Almeida no artigo Etnografia em tempos de guerra: contextos temporais e nacionais do objeto da antropologia a respeito da importância da guerra na produção de etnografias, mesmo quando esta se encontra pacificada, como é o caso do livro Os Nuer de Evans-Pritchard, no qual o autor menciona apenas brevemente na introdução que o cenário onde realizou seu trabalho de campo, então colônia britânica no Sudão, estava marcado por conflitos com o governo colonial. Além disso, as questões que alimentam esta proposta de curso seguem as provocativas reflexões de Jacklyn Cock em The Place of Gender in a Demilitarisation Agenda, no sentido de questionar e refletir sobre o lugar do militarismo na produção e na solução não somente de conflitos, mas igualmente da violência e da desigualdade social e de gênero. Cock realiza uma análise corajosa para o contexto sul-africano, uma vez que ao abordar gênero e militarização, traz à cena, em relativa posição de igualdade, a virilidade que informa a violência e o militarismo de Africânderes e Zulus. Através destas pistas espera-se colocar em perspectiva tanto as etnografias confinadas a um espaço-tempo unificado e isolado, marcado pelo apaziguamento dos conflitos e das violências coloniais, quanto àquelas que têm como foco uma região e/ou a nação, que levam a uma ampliação da unidade temporal. Assim, interessa tanto entender e situar as ações e a violência do racismo da ultradireita sul-africana, por exemplo, quanto compreender o sentido de “injustiça” operado por muitos dos nacionalistas e as relações entre Estados nacionais e sociedades locais e o surgimento das chamadas “guerras étnicas”.

Docente Responsável
Obrigatoriedade
Disciplina optativa
Carga horária
90hrs
Créditos
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