RITMOS HUMANOS E MUNDANOS: uma conversa sobre a prática de pensar o mundo como música.

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LISA-USP (Rua do Anfiteatro, 181 - Cj. Colmeia, Favo 10)

Ao pensar sobre a(s) música(s) do mundo, além de acentuar a importância do aspecto temporal/rítmico — em geral silenciado pela identificação tácita entre música e som, no paradigma ocidental moderno —  seria possível também pensar nos ritmos do mundo como música? Isto é: seria possível pensar musicalmente no(s) mundo(s) em que vivemos a partir de seus fenômenos rítmicos? Isso implicaria, entre outras coisas, em se valer de conceitos e categorias específicos (tais como: duração, período, freqüência, proporção, condução, andamento, repetição, simultaneidades, sequências, polirritmias, ciclos, claves, grooves…) para investigar tanto os fenômenos temporais imanentes ao nosso estar-no-mundo (ritmos humanos) quanto os que transcendem os limites dos nossos próprios corpos (ritmos mundanos). O mote dessa conversa parafraseia e deturpa intencionalmente as categorias medievais de “musica mundana” (ou cósmica: tempo/movimento dos corpos celestes) e “música humana”  (fluxos e humores do corpo humano) para abordar o fenômeno do ritmo a partir de pontos de escuta e perspectivas (trans-inter-)culturais e (multi-meta-)naturais. Esse é um dos pontos de partida do projeto de pesquisa Ritmos Humanos e Mundanos (CECULT-UFRB), que ressoa na clave epistemológica desse pensamento musical: não apenas pensar sobre música, mas pensar como música. Entre as atividades do projeto constam as traduções, já em curso, de duas obras de referência ainda inéditas em língua portuguesa: Éléments de Rythmanalyse [Elementos de Ritmanálise], de Henri Lefebvre (1992) e Ρυθμικον Στοιχειον [Dos Elementos do Ritmo], de Aristóxeno de Tarento (c. 300 a.C), este o único tratado empírico conhecido sobre ritmo musical da antiguidade clássica. Nessas obras encontram-se categorias, conceitos e parâmetros importantes para a investigação rítmica do mundo, tais como: ritmanálise e ritmopeia (análise e criação de ritmos), ritmizômenos (fenômenos capazes de engendrar ritmos), protocronias (durações mínimas e fundamentais dos fenômenos rítmicos) entre outras. Ainda no âmbito da pesquisa, desenvolvem-se oficinas e um componente curricular de Ritmos Humanos e Mundanos, na especialização em Cidadania e Ambientes Culturais, oferecida no CECULT-UFRB.